
Ataques aéreos israelenses contra uma escola administrada pela ONU em Gaza, que abrigava mais de 2 mil pessoas deslocadas, resultaram em pelo menos 30 mortes.
A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, afirmou que as forças israelenses atacaram a escola em Al Bureij, no Centro de Gaza, por volta das 18h, da terça-feira, e novamente às 22h20.
Destruição dificultou evacuação de vítimas
A agência informou que a construção sofreu danos graves. A evacuação das vítimas foi dificultada por um incêndio que irrompeu no abrigo. Os moradores tiveram que cavar um buraco na parede para retirar mortos e feridos.
Desde o começo da guerra após os ataques do movimento Hamas contra Israel, em 7 de outubro de 2023, mais de 400 escolas foram atingidas diretamente, de acordo com imagens de satélite analisadas pela ONU.
Funcionários da Unrwa contaram que os sobreviventes tentaram salvar seus pertences em meio a “vestígios de sangue e partes de corpos de parentes e vizinhos”.
A agência observou que mulheres e crianças estão entre os mortos e feridos. Operações de busca e resgate estão em andamento e muitos seguem desaparecidos.
95,4% das escolas precisarão de reconstrução
Muitos palestinos que viviam na escola atingida foram deslocados “inúmeras vezes” pela guerra.
O ataque também provocou um incêndio em um colégio adjacente, onde tendas e abrigos temporários foram queimados e danificados.
Das 564 escolas em Gaza, 501, ou 95,4%, precisarão de reconstrução completa ou grandes obras de reabilitação para voltarem a funcionar.
Apelo contra intensificação de ações militares
Nesta quarta-feira, o alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, condenou os planos relatados por Israel de transferir à força a população de para uma pequena área no sul de Gaza.
Em nota, ele disse que a medida sugere a intenção de Israel de tornar a vida dos palestinos “cada vez mais incompatível com sua existência contínua em Gaza”.
Para Turk, “não há razão de se acreditar que a intensificação das estratégias militares será bem-sucedida agora”.
Ele crê que expandir a ofensiva a Gaza “certamente causará mais deslocamentos em massa, mais mortes e ferimentos de civis inocentes e a destruição da pouca infraestrutura restante de Gaza”.
Distribuição de ajuda sob controle de militares israelenses
Em um comunicado verbal, na segunda-feira, autoridades de Israel propuseram a entrega suprimentos por meio de centros controlados pelos militares israelenses, assim que o governo reabrisse as travessias para Gaza.
Em reação, o porta-voz do Escritório de Coordenação de Ajuda Humanitária da ONU, Ocha, declarou que a medida “parece ser uma tentativa deliberada de transformar a ajuda em uma arma”.
Jens Laerke defendeu que a ajuda seja fornecida com base na necessidade humanitária.
A ONU tem afirmado que a proposta israelense pode representar uma violação dos princípios fundamentais de entrega de ajuda de forma neutra, imparcial e independente.
Fonte: ONU News – UNRWA