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Nísia Trindade denuncia campanha misógina e destaca legado no Ministério da Saúde

A declaração foi feita durante a posse do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha

Em seu discurso de despedida nesta segunda-feira (10/3), no Palácio do Planalto, a ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, denunciou ter sido alvo de uma “campanha sistemática e misógina” durante os 25 meses em que esteve à frente da pasta. A declaração foi feita durante a posse do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

“Durante os 25 meses em que fui ministra, uma campanha sistemática e misógina ocorreu para desvalorizar meu trabalho, minha capacidade e minha idoneidade. Não é possível e não devemos aceitar como natural um comportamento político dessa natureza. Podemos e devemos construir uma nova política, baseada efetivamente no respeito, e destaco o respeito a nós, mulheres, e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida de nossa população”, afirmou Trindade.

Saída do Ministério e pressões políticas

O nome de Nísia Trindade foi alvo de especulações sobre sua permanência no governo, principalmente durante a epidemia de dengue que assolou o país no início de 2024, com mais de 6,5 milhões de casos registrados. No final de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu pela sua substituição, após semanas de pressões e declarações de aliados do governo confirmando a troca no comando da pasta.

Reconstrução do SUS e desafios enfrentados

Durante sua fala, a ex-ministra relembrou os desafios encontrados ao assumir o Ministério da Saúde, em 2023. Segundo ela, a pasta estava “desmontada e desacreditada” após a pandemia de covid-19 e a gestão anterior.

“Presidente Lula, como é de seu conhecimento, encontrei um Ministério da Saúde desmontado e desacreditado. Ele perdera sua autoridade de coordenar o SUS após a terrível experiência das 700 mil mortes por covid-19 no governo passado. Durante nosso trabalho de reconstrução, encontramos mais de 4.500 Unidades Básicas de Saúde (UBS) aguardando credenciamento há quatro anos, mais de 4 mil obras paralisadas e inúmeros leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) não cadastrados”, afirmou Trindade.

Ela também destacou sua visão sobre o papel das políticas públicas na melhoria da saúde da população: “A pobreza e a desigualdade fazem mal à saúde, e a superação desse quadro requer efetivas políticas públicas. Por acreditar na urgência dessa tarefa e, após presidir a Fiocruz e ter me colocado na linha de frente da proteção da sociedade brasileira na pandemia de covid-19, aceitei com entusiasmo o convite do presidente Lula”, ressaltou.

Homenagens e reconhecimento

Antes de deixar oficialmente o cargo, Nísia Trindade participou de uma cerimônia simbólica no Ministério da Saúde, onde foi inaugurado seu retrato na galeria de ex-ministros. O evento contou com a presença de servidores da pasta e foi marcado por aplausos e manifestações de apoio à ex-ministra.

Com sua saída, Alexandre Padilha assume o comando do Ministério da Saúde, enfrentando desafios como o combate à dengue e a continuidade das políticas públicas voltadas ao fortalecimento do SUS.

Edição JP – Com informações CB – Imagem: 

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