Negociações de Paz na Ucrânia: Esperança e ceticismo em Istambul
A ausência dos presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, no entanto, diminui as expectativas de um acordo imediato.

Istambul, 16 de maio de 2025 – Representantes da Ucrânia, Rússia, Turquia e Estados Unidos reuniram-se nesta sexta-feira (16) em Istambul para tentar avançar em negociações de paz, em meio a um conflito que já dura mais de três anos. A ausência dos presidentes Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin, no entanto, diminui as expectativas de um acordo imediato.
Contexto Histórico do Conflito
A guerra na Ucrânia começou em fevereiro de 2022, quando a Rússia lançou uma invasão em larga escala, justificando-a como uma “operação militar especial” para “desnazificar” e “desmilitarizar” o país. Desde então, os combates já causaram centenas de milhares de mortes, milhões de deslocados e destruíram cidades inteiras.
A Ucrânia, apoiada por Estados Unidos e União Europeia, resistiu com sucessos iniciais, como a defesa de Kiev e a reconquista de territórios no leste e sul. No entanto, a Rússia ainda ocupa cerca de 18% do território ucraniano, incluindo a Crimeia (anexada em 2014) e partes das regiões de Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson.
As Negociações em Istambul
As conversas desta sexta-feira ocorrem no Complexo Presidencial Dolmabahçe, mediadas pela Turquia – um país que mantém relações tanto com o Ocidente quanto com Moscou. Participam:
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Ucrânia: Ministro da Defesa Rustem Umerov, chanceler Andriy Sybiga e chefe do gabinete presidencial Andriy Yermak.
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Rússia: Uma delegação liderada por diplomatas de alto escalão (sem a presença de Putin).
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EUA: O secretário de Estado Marco Rubio (que se reunirá separadamente com ambos os lados).
Antes das negociações com a Rússia, os ucranianos já haviam se encontrado com representantes dos EUA, França, Alemanha e Reino Unido. A exclusão da UE das conversas diretas com Moscou gera desconforto entre europeus.
Objetivos e Desafios
A prioridade da Ucrânia é um cessar-fogo “real e duradouro”, acompanhado de medidas de confiança, como:
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Repatriação de crianças ucranianas deportadas para a Rússia.
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Troca de prisioneiros de guerra em esquema “todos por todos”.
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Retirada de tropas russas de territórios ocupados.
Já a Rússia insiste em garantir sua influência sobre as regiões anexadas e exige neutralidade militar da Ucrânia.
Ceticismo e Conflitos Contínuos
Enquanto as negociações ocorrem, os combates não cessam:
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A Ucrânia afirma ter abatido 73 drones Shahed lançados pela Rússia.
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Moscou diz ter interceptado 64 drones ucranianos.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, admitiu ter “baixas expectativas” devido ao nível da representação russa. Já a Turquia classificou as primeiras discussões como “produtivas”, mas sem avanços concretos.
O Caminho para a Paz?
Esta é a primeira vez desde o início da guerra que ucranianos e russos negociam diretamente, sem mediação total de terceiros. No entanto, sem a presença de Putin e Zelensky, dificilmente sairão decisões definitivas.
Enquanto isso, a Ucrânia reforça sua defesa com ajuda militar ocidental, e a Rússia mantém sua ofensiva no leste. O mundo aguarda para ver se Istambul será o palco de um acordo histórico – ou apenas mais um capítulo em uma guerra que já mudou a Europa.
Edição: Damata Lucas – Imagem: Ocha /ONU News