
Em meio ao escândalo das fraudes nos descontos do INSS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se com ministros e líderes governistas nesta sexta-feira (16/5) para discutir os desdobramentos políticos da possível instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Apesar da resistência inicial do Planalto, a pressão de parlamentares da base aliada, como o senador Fabiano Contarato (PT-ES), e da oposição torna a abertura da comissão quase inevitável.
O que está em jogo?
A CPMI foi requerida pela oposição com assinaturas de 222 deputados e 36 senadores – números bem acima do mínimo necessário (1/3 de cada Casa). O pedido deve ser lido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na próxima sessão conjunta do Congresso, marcada para 27 de maio. Caso Alcolumbre tente adiar a convocação, há entendimento do STF de que a abertura é obrigatória quando há assinaturas suficientes.
Estratégia do governo
Diante da iminência da CPMI, o Planalto busca controlar cargos-chave na comissão, como a presidência e a relatoria, para evitar que a oposição conduza as investigações de forma desfavorável. Além disso, a estratégia governista será:
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Vincular as fraudes ao governo Bolsonaro – O PT e aliados argumentam que o esquema ganhou escala durante a gestão anterior e que só agora está sendo investigado.
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Isolar opositores radicais – Evitar que figuras como bolsonaristas assumam protagonismo nas investigações.
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Limitar o escopo da CPI – Evitar que o inquérito se estenda a outros temas sensíveis para o governo.
Quem participou da reunião no Alvorada?
Estiveram presentes:
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Rui Costa (Casa Civil)
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Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais)
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Sidônio Palmeira (Comunicação Social)
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Wolney Queiroz (Previdência)
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Jaques Wagner (líder do governo no Senado)
A presença de Wagner e Hoffmann indica a preocupação do governo em articular politicamente a questão, já que ambos têm forte trânsito no Congresso.
O esquema de fraudes no INSS
As investigações já em curso apontam um superfaturamento bilionário em benefícios do INSS, com suspeitas de:
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Pagamentos indevidos a beneficiários que não tinham direito.
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Manipulação de laudos médicos para aprovar auxílios-doença e aposentadorias.
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Possível envolvimento de servidores e empresários em um esquema organizado.
O governo Lula afirma que já agiu para coibir as irregularidades, mas a oposição quer apurar se houve omissão ou conivência de gestões passadas – e até mesmo se há novos indícios de corrupção na atual administração.
Próximos passos
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Leitura do requerimento (27/5) – Davi Alcolumbre deve colocar o pedido em votação.
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Composição da CPMI – 15 deputados e 15 senadores (além de suplentes) serão escolhidos.
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Foco das investigações – A oposição quer ampliar o escopo, enquanto o governo tenta direcionar o foco para o período bolsonarista.
A CPMI do INSS pode se tornar mais um front de crise para o governo Lula, que já enfrenta desgastes como o escândalo dos recursos para o Rio Grande do Sul e as polêmicas sobre a reconstrução do estado. Se mal conduzida, a comissão pode gerar novas turbulências políticas em um ano já marcado por tensões entre o Executivo e o Congresso.
Edição: Damata Lucas – Imagem: