Emirados Árabes chegam a acordo com Israel para envio de ajuda a Gaza em meio a crise humanitária
ONU alertou que cerca de 14 mil bebês correm risco de morte por desnutrição

Os Emirados Árabes Unidos anunciaram nesta quarta-feira (21) que chegaram a um acordo com Israel para viabilizar a entrega de ajuda humanitária urgente à Faixa de Gaza. A medida surge em meio a uma escalada da crise humanitária no território, que sofre com o bloqueio imposto por Israel e enfrenta risco iminente de fome em larga escala.
Na terça-feira (20), a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que cerca de 14 mil bebês correm risco de morte por desnutrição nos próximos dois dias, caso a ajuda humanitária não seja intensificada de forma imediata.
De acordo com a agência de notícias estatal dos Emirados, WAM, o chanceler Abdallah ben Zayed Al-Nahyane discutiu a situação com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, o que resultou no acordo. A ajuda inicial atenderá às necessidades alimentares de aproximadamente 15 mil civis em Gaza.
Pressão internacional e resposta limitada
A grave situação levou o governo britânico a suspender, também na terça-feira, as negociações comerciais com Israel. Além disso, o Reino Unido convocou o embaixador israelense em Londres como forma de protesto contra o bloqueio da ajuda humanitária. A União Europeia também anunciou que irá revisar os laços políticos e econômicos com Israel.
A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, afirmou que a maioria dos ministros europeus é favorável à revisão do acordo de associação com Israel, devido ao não cumprimento da cláusula de Direitos Humanos.
“A situação em Gaza é catastrófica. A ajuda que Israel autorizou é bem-vinda, mas representa apenas uma gota no oceano. O fluxo de ajuda precisa ser imediato, desobstruído e em grande escala”, declarou Kallas.
Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel rejeitou as críticas e afirmou que elas demonstram “total incompreensão da complexa realidade enfrentada por Israel”. A nota oficial acrescenta que “críticas unilaterais apenas fortalecem o Hamas”, e reiterou que o grupo islâmico é o principal responsável pela continuidade da guerra.
Retomada parcial da ajuda
No início da semana, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, admitiu que era necessário evitar imagens de fome em Gaza, “por razões diplomáticas”, e anunciou uma retomada limitada da entrada de ajuda humanitária. Segundo ele, 93 caminhões da ONU teriam sido autorizados a entrar no território, embora a organização tenha relatado que apenas uma fração desse total conseguiu acesso efetivo.
Apesar da ajuda simbólica, os bombardeios israelenses seguem intensos. Na última noite, segundo autoridades de saúde palestinas, 85 pessoas morreram em ataques aéreos. O Exército de Israel informou que os alvos eram centros de comando do Hamas e que os civis foram previamente alertados.
Acusações de genocídio e limpeza étnica
O bloqueio da ajuda humanitária e a continuidade dos ataques têm gerado acusações internacionais de genocídio e limpeza étnica contra Israel. Diversas organizações de direitos humanos e líderes políticos vêm denunciando a gravidade da situação e pedindo uma resposta coordenada da comunidade internacional.
Enquanto isso, a população de Gaza enfrenta uma realidade de escassez extrema, com crianças à beira da morte por inanição e a infraestrutura do território devastada após meses de bombardeios.
Edição: Damata Lucas – Imagem: ONU News