GeralInternacional

Ativista brasileiro usa redes sociais para ensinar sobre descarte de produtos

Embalagens, produtos eletrônicos, plásticos e alimentos geram bilhões de toneladas de resíduos todos os anos.

A ONU marcou o Dia Internacional do Lixo Zero, nesse 30 de março, ressaltando que as práticas insustentáveis ​​de produção e consumo da humanidade estão levando o planeta à destruição.

Embalagens, produtos eletrônicos, plásticos e alimentos geram bilhões de toneladas de resíduos todos os anos. Para superar essa realidade, é preciso são transformar hábitos de consumo e produção em grande escala

Criando conexão com situações do dia a dia

A ONU News conversou com o geógrafo e comunicador socioambiental Gabriel Ferri, em São Paulo, criador da página “Planeta pós-pandemia”, que aborda temas como reciclagem.

Para ele, o caminho rumo a uma transformação mais profunda passa por popularizar os debates sobre sustentabilidade nas redes sociais.

“Eu tento sempre trazer para o dia a dia, porque às vezes as pessoas entendem a sustentabilidade como uma pauta muito chata, mas ela está no nosso dia a dia. Ela está aumentando o preço dos alimentos, ela está aumentando o preço dos produtos que a gente consome devido a menor disponibilidade de recursos naturais. Então a gente tem que trazer sempre por aí. E eu acho que nesse caminho, a gente tem que ser tratado menos como ‘eco chato’ e mais como consciente”.

Gabriel é parceiro da campanha “Verificado” das Nações Unidas, voltada para o combate à desinformação no ambiente digital. Ele ressalta que produtos muito utilizados no cotidiano não são de fácil descarte, por serem manufaturados com diferentes materiais.

Produtos com mais de um material inviabilizam reciclagem

O ativista citou como exemplos a lâmina de barbear e o isqueiro, que são compostos por diferentes tipos de plásticos e metal, praticamente inviabilizando o processo de reciclagem.

Ele incentiva a tomada de atitudes simples que podem ter grande impacto, como comprar produtos reutilizáveis e feitos de um único material. Gabriel também ressaltou a necessidade de embalar objetos cortantes na hora de descartar para proteger os coletores, que tem um papel chave na cadeia da reciclagem.

“Eu sei que, às vezes, o impacto que a gente pensa de uma ação individual é mínima, mas eu não estou falando do impacto ali, na hora que você está trocando um copo descartável, por um copo, por uma garrafinha, eu estou falando na importância de a gente levar a pensamentos coletivos, a essas mudanças sistêmicas que eu sempre falo. Então a gente influencia no coletivo, mas a gente influencia também novos padrões de consumo”.

Além de defender o descarte correto, o comunicador estimula na sua audiência o pensamento crítico sobre onde vai parar cada produto consumido, alertando que muitos vão para aterros onde são queimados, causando ainda mais danos ambientais.

Esta pintura de um aluno do 9º ano, que contrasta um canal altamente poluído com um canal com boa saúde ecológica, foi vencedora de um concurso organizado como parte do projeto apoiado pelo Pnuma

UNU-EHS/Aliya M.A. – Esta pintura de um aluno do 9º ano, que contrasta um canal altamente poluído com um canal com boa saúde ecológica, foi vencedora de um concurso organizado como parte do projeto apoiado pelo Pnuma

O papel das empresas

Ele afirma que em diálogos com empresas propõe que adotem uma logística que não seja linear, tendo como destino final um lixão ou aterro sanitário. Apesar de acreditar que o setor empresarial pode ser um grande “motor de mudança”, o ativista avalia que ainda existe muita resistência na adoção de novas práticas.

“Eu acredito que falta ser rentável para as empresas também essa logística circular, porque o que a gente vê ainda são diversos problemas ligados à disparidade, a diferença entre o mercado financeiro, a valorização do mercado financeiro, e os valores ambientais. Se a gente não chegar num ponto de equilíbrio entre esses dois, a gente vai continuar vendo todos os impactos que a gente está presenciando no nosso dia a dia”.

Para o comunicador, se o mundo continuar com os mesmos padrões de consumo em “quantidades absurdas” a humanidade vai caminhar cada vez mais para o fim do planeta, um processo que já está em curso, adicionou ele.

*Felipe de Carvalho, da ONU News.

Fonte: ONU News – Imagem: Pnuma/Duncan Moore

Relacionados

Botão Voltar ao topo