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Ministro da AGU responsabiliza governo Bolsonaro por esquema bilionário de fraudes no INSS e rebate críticas de Nikolas Ferreira

"Está muito claro que uma tecnologia criminosa, um modelo criminoso, uma engenharia criminosa foi montada pelo governo anterior"

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, declarou nesta quinta-feira (8/5) que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi responsável por criar uma “engenharia criminosa” que permitiu fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo Messias, a gestão passada desmontou os principais órgãos de controle e fiscalização que poderiam ter detectado e evitado os descontos ilegais nas aposentadorias e pensões.

Messias fez as declarações durante uma coletiva de imprensa convocada para anunciar o plano de ressarcimento aos aposentados lesados pelo esquema. Ele explicou que, além de prejudicar os beneficiários, as irregularidades colocaram em risco a credibilidade das instituições públicas responsáveis pela proteção social no país.

“Está muito claro que uma tecnologia criminosa, um modelo criminoso, uma engenharia criminosa foi montada pelo governo anterior. Foi montada nos estertores do governo anterior. Nós conseguimos desbaratar esta fraude. Mas eu quero dizer para vocês que também não foi fácil”, afirmou o ministro.

Críticas a Nikolas Ferreira

Sem mencionar nomes diretamente, Messias criticou a postura do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que divulgou um vídeo nas redes sociais denunciando as fraudes no INSS. O vídeo viralizou e ultrapassou a marca de 100 milhões de visualizações, pressionando o governo federal a dar explicações públicas.

“É importante que ele [Nikolas] questione ao presidente que ele apoia por que colocou a empresa pública que dá suporte à produção e à guarda desses bens para vender e desmontou essa empresa. Espero que isso seja apurado”, rebateu Messias. Ele se referia à Dataprev, estatal de tecnologia da informação que esteve na lista de privatizações da gestão Bolsonaro, mas cuja venda não foi concretizada.

O ministro também lembrou que o Congresso, durante o governo Bolsonaro, flexibilizou regras que dificultavam a aplicação de descontos automáticos em benefícios previdenciários, aumentando a vulnerabilidade do sistema. “Espero que ele pergunte ao antigo ministro da Previdência por que não adotou as providências necessárias para investigar, quando já havia denúncias de irregularidades”, disse Messias.

Histórico das fraudes

De acordo com informações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), o esquema de corrupção teve início em 2017, ainda no governo Michel Temer, mas ganhou força e escala a partir de 2019, já sob a administração Bolsonaro. Segundo Messias, das 12 entidades investigadas por envolvimento em práticas ilícitas, a maioria começou a atuar após 2019.

Reação do governo

Além de Messias, outras autoridades do governo saíram em defesa da atual gestão e criticaram as acusações de Nikolas Ferreira. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, e o ministro da CGU, Vinícius Marques de Carvalho, também rebateram o parlamentar e ressaltaram que o governo Lula tem trabalhado para corrigir os problemas herdados.

O plano de ressarcimento apresentado pelo governo prevê a devolução dos valores descontados ilegalmente, além de medidas para reforçar os mecanismos de controle e evitar novas fraudes. Entre as iniciativas, estão a modernização dos sistemas de tecnologia do INSS e da Dataprev, a criação de novos filtros de segurança para identificar práticas suspeitas e o fortalecimento da fiscalização.

Clima político acirrado

O episódio reforça o clima de embate entre o governo Lula e os parlamentares bolsonaristas, que têm usado as redes sociais como principal campo de batalha para desgastar a imagem do governo. O vídeo de Nikolas Ferreira, recheado de críticas ao Executivo, ampliou o debate nas redes e aumentou a pressão política sobre o Palácio do Planalto.

Enquanto isso, o governo tenta reverter o desgaste adotando uma estratégia dupla: ampliar a comunicação direta com a população e acelerar as investigações para identificar e punir os responsáveis pelos desvios.

Edição: Damata Lucas – Imagem: Valter Campanato

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