Com ajuda do Acnur, primeiras famílias de refugiados afegãos chegam ao Brasil
Instabilidade e deterioração da situação dos direitos humanos no Afeganistão deixaram milhões de pessoas precisando de proteção

Uma iniciativa pioneira na América Latina visa reassentar, proteger e promover a integração local das pessoas deslocadas à força pela atual crise humanitária no Afeganistão.
Através do programa liderado pela Agência da ONU para Refugiados, Acnur, quatro famílias de refugiados afegãos chegaram em São Paulo, esta semana, vindas do Paquistão.
Rede de apoio
Entre as 18 pessoas estão mulheres, crianças e adolescentes. O chamado Programa Brasileiro de Patrocínio Comunitário permite que organizações credenciadas referenciem refugiados para receberem apoio no Brasil.
O Acnur fornece assistência técnica e treinamento a esses patrocinadores e facilita o diálogo com as autoridades locais e as comunidades de acolhida.
O representante do Acnur no Brasil, Davide Torzilli, reforça que em meio ao declínio das oportunidades globais de reassentamento e à escassez crítica de financiamento humanitário, o compromisso do Brasil com a expansão do patrocínio comunitário é “particularmente louvável”.
Disponibilidades de realocação reduzidas
A instabilidade contínua e a deterioração da situação dos direitos humanos no Afeganistão deixaram milhões de pessoas precisando de proteção.
Até o final de 2023, o Irã e o Paquistão abrigavam mais de 5,7 milhões afegãos refugiados e com outras necessidades de proteção internacional, enquanto 3,2 milhões de pessoas permaneciam deslocadas dentro do próprio Afeganistão.
Globalmente, apesar da projeção de que 2,9 milhões de refugiados precisarão de reassentamento em 2025, incluindo mais de meio milhão de afegãos, as vagas de reassentamento disponíveis caíram drasticamente, de 195.069 em 2024 para apenas 31.281 em 2025.
Reconhecendo essas necessidades urgentes de proteção, o Brasil vem tomando medidas significativas desde 2020. Primeiro reconhecendo as graves violações de direitos humanos e, depois, introduzindo vistos humanitários para afegãos. Até o momento foram concedidos mais de 13 mil vistos.
A recepção e integração dessas pessoas estão sendo apoiadas por organizações da sociedade civil. A Organização Internacional para as Migrações, OIM, também tem apoiado o processo de recepção das famílias.