Portugueses vão às urnas em eleições legislativas antecipadas
Os portugueses vão às urnas neste domingo (23) e começam a votar antecipadamente para as eleições legislativas de 30 de janeiro. O pleito foi convocado pelo presidente conservador Marcelo Rebelo de Sousa, depois que o atual primeiro-ministro António Costa, eleito em 2019, não conseguiu aprovação da proposta do Orçamento do Executivo para 2022, em votação no Parlamento, em outubro.
As cabines de votação abriram as 8 horas da manhã (5h em Brasília) para receber os 315.000 eleitores aptos a votar.
O primeiro-ministro António Costa é o favorito para vencer essas eleições, com 38% das intenções de voto, contra 30% para o principal partido de oposição de centro-direita, o Partido Social Democrata (PSD) do ex-prefeito do Porto, Rui Rio. De acordo com várias pesquisas eleitorais, a tendência dos últimos dias, no entanto, indica uma queda da diferença entre as duas forças.
O partido de extrema direita Chega, que entrou no Parlamento com apenas um deputado, em 2019, pode se tornar a terceira força política do país, com quase 7% dos votos. Liderado por André Ventura, o Chega está lado a lado com facções da esquerda radical que levaram António Costa ao poder, em 2015: o Bloco de Esquerda e a coalizão comunista-verde.
Socialista pragmático, António Costa chegou ao poder graças à esquerda radical, mas sempre teve a ambição de governar sozinho. As pesquisas mostram, contudo, que nenhum partido ganhará a maioria absoluta dos assentos no Parlamento.
Equilíbrio de forças
“É provável que se mantenha o atual equilíbrio de forças”, analisa o cientista político José Santana Pereira, da Universidade de Lisboa. O pesquisador acrescenta que será “complicado” para Costa formar “um governo estável” sem os partidos da esquerda radical.
No entanto, “António Costa é um político nato e, aos olhos do eleitorado, está mais bem preparado que Rui Rio”, muito contestado em seu próprio campo, observa a analista Marina Costa Lobo.
Durante o primeiro mandato de Costa, o país experimentou quatro anos de crescimento econômico que permitiram reverter a política de austeridade implementada após a crise da dívida de 2011, ao mesmo tempo em que registrou o primeiro superávit orçamentário da história recente de Portugal.
Luta contra a covid-19
Os últimos dois anos, no entanto, foram marcados pela crise sanitária, da qual Portugal espera sair em breve graças a uma das taxas de cobertura vacinal mais elevadas do mundo. Um país de emigrantes que se tornou um paraíso para os aposentados europeus, Portugal é um dos campeões mundiais na luta contra a covid-19.
Assim como os seus vizinhos europeus, o país é afetado pela variante ômicron, com recordes que chegaram a quase 60.000 novos casos diárias na sexta-feira (21) e no sábado (22). Perante a nova variante, Portugal adotou um conjunto de medidas de combate à epidemia, que incluem, principalmente, o home office obrigatório, a apresentação de um teste para assistir a um espetáculo ou evento esportivo, bem como o fechamento de bares e discotecas.
(Com informações da AFP)