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OIM alerta para primeiro trimestre mais mortal no Mediterrâneo desde 2017

O atraso dos países na resposta de salvamento e obstáculos à operação de busca e resgate, por embarcações de organizações não-governamentais, estão levando ao aumento de perdas de vida no Mediterrâneo Central.

A declaração é da Organização Internacional para Migrações, OIM, após divulgar novos dados do Projeto Migrantes Desaparecidos, nesta quarta-feira.

Sete casos fatais

Desde janeiro, 441 pessoas que tentavam fazer a travessia morreram fechando o trimestre mais letal desde o início dos registros em 2017.

O chefe da agência, António Vitorino, disse que persistência da crise humanitária na região é intolerável.

Vitorino lembra que desde 2014, mais de 20 mil migrantes morreram no Mediterrâneo Central. Segundo ele, é preciso que os países respondam a essa situação, que “está sendo normalizada.”

Por causa do atraso na resposta de operações lideradas por países nessa rota, pelo menos seis incidentes, este ano, terminaram na morte de 127 pessoas. A falta de resposta a um sétimo caso gerou a perda de vida de 73 migrantes.

Em 25 de março, a Guarda Costeira da Líbia disparou tiros no ar contra o navio de salvamento Ocean King que pertence a uma ONG. A entidade estava tentando responder a um pedido de socorro de uma embarcação de borracha que estava afundando.

Fim de semana da Páscoa

No dia seguinte, um outro navio, Louise Michel, foi apreendido no litoral da Itália após resgatar 180 pessoas no mar, um caso parecido com o do Geo Barents, preso em fevereiro e depois liberado.

A OIM lembra que no fim de semana da Páscoa, cerca de 3 mil migrantes chegaram à costa da Itália elevando o total de entradas para 31.192 somente este ano.

Uma embarcação transportando 800 pessoas foi resgatada em 11 de abril, a mais de 200km ao sudeste da Sicília pela Guarda Costeira Italiana e com a assistência de uma embarcação comercial. Logo depois, um navio com 400 migrantes foi encontrado à deriva entre Malta e Itália. Nem todas as pessoas a bordo conseguiram desembarcar.

O chefe da OIM, António Vitorino, afirma que os Estados têm a obrigação de salvar as vidas e que é preciso obter uma organização, liderada pelos países, e de forma mais proativa nas ações de resgate.

Prisão para os traficantes de seres humanos

A agência da ONU acredita que o número de 441 mortes no primeiro trimestre pode ser ainda mais alto. O Projeto Migrantes Desaparecidos informa que existem mais de 300 pessoas com paradeiro desconhecido.

A OIM quer restabelecer uma operação de busca e salvamento como parte da resposta, nos moldes da Operação Mare Nostrum, que terminou em 2014.

Uma outra reivindicação da OIM é para que seja criada uma ação concertada que desmantele as redes criminosas de contrabando de pessoas. A agência afirma que quem lucra com o desespero de migrantes e refugiados nessas travessias perigosas deve ser responsabilizado.

Mais informações sobre o projeto neste link em inglês:

Missing Migrants Project 

Fonte: ONU News/Foto: UN News/ Hisae Kawamori

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