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Japão: ex-chanceler Fumio Kishida vence disputa interna de partido governista e vai ser próximo premiê

O ex-ministro das Relações Exteriores Fumio Kishida, 64, foi eleito chefe do partido governista no Japão hoje e se vai se tornar o primeiro-ministro da terceira economia do mundo na próxima semana. O futuro primeiro-ministro enfrentará uma infinidade de desafios, desde a recuperação econômica pós-pandemia até ameaças representadas pela Coreia do Norte e China.

Kishida, considerado moderado, venceu no duelo final pela presidência do Partido Liberal Democrata (PLD, direita conservadora) um adversário que, no entanto, tem maior notoriedade: Taro Kono, de 58 anos, popular coordenador da campanha de vacinação contra a covid-19 no país.

O atual primeiro-ministro Yoshihide Suga, em baixa na opinião pública após apenas um ano à frente de um país marcado, como em qualquer outro lugar, pela crise da saúde, decidiu não se candidatar ao voto do PLD, sigla que domina a vida política japonesa desde 1955.

Kishida será nomeado primeiro-ministro após uma votação no parlamento em 4 de outubro, onde o PLD tem maioria. Ele terá agora de liderar o partido para a batalha das eleições legislativas, que ocorrerão em novembro e para as quais o PLD é considerado favorito.

“Devemos mostrar ao público que o PLD ressuscitou e precisa do seu apoio” para essas eleições para as duas câmaras do Parlamento, declarou Kishida após sua vitória. “Vamos para a eleição unidos”, disse ele.

Kishida, ministro das Relações Exteriores do Japão de 2012 a 2017 e herdeiro de uma família de políticos, fracassou em 2020 na disputa contra Suga e foi o primeiro a declarar-se candidato para as eleições deste ano.

Destacando sua capacidade de escuta e convidando os japoneses a compartilhar suas reivindicações e ideias com ele, Kishida buscou capitalizar a insatisfação da opinião pública com a gestão da crise de saúde, que minou a popularidade do governo Suga.

Tradição política machista

Mas o primeiro turno da eleição interna do PLD se mostrou extremamente acirrado, com o Kishida à frente de Kono por apenas um voto. A candidata ultraconservadora Sanae Takaichi, apoiada pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, também uma boa pontuação.

Duas mulheres estavam entre os quatro candidatos em disputa, o que é incomum em um país que nunca teve uma primeira-ministra e que tem poucas mulheres de destaque na vida política.

Kishida, por outro lado, prevaleceu no segundo turno, onde os votos dos parlamentares do PLD tiveram muito mais peso do que os dos membros de base do partido, obtendo 257 votos, contra 170 para Kono, favorito do grande público, segundo pesquisas.

“A perspectiva da vitória de Kono assustou as pessoas dentro do PLD”, disse Brad Glosserman, especialista em políticas japonesas e professor da Universidade Tama, à AFP. “Alguns ficaram alarmados com algumas de suas posições em relação à China e com o fato de que ele estaria pronto para fazer de tudo para garantir independência dos Estados Unidos”, acrescentou.

Kishida “agora tem que provar que não é o mesmo” que perdeu no ano passado, de acordo com Glosserman.

Jogo do Poder

Com informações da AFP

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