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Firmino reclama da união das oposições e se esquece do “blocão da situação” que formou desde o primeiro turno

É incompreensível essa manifestação do prefeito Firmino Filho (PSDB) ao chamar de “covardia” o fato de os partidos de oposição estarem se alinhando à candidatura do Dr. Pessoa no segundo turno da eleição para a prefeitura de Teresina. Segundo o tucano, Dr. Pessoa estaria formando um “blocão” em torno dele, esquecendo-se de que a candidatura de Kleber Montezuma (PSDB), seu ex-secretário de Educação, iniciou essa corrida ao Palácio da Cidade com um bloco nada pequeno de nove partidos (PSDB, PP, PSL, AVANTE, PDT, DEM, PMB, PODEMOS e PV), enquanto o emedebista contava apenas com três siglas (MDB, PSB e PRTB) e, assim mesmo, saiu na frente no primeiro tempo dessa batalha política.

Ora, o prefeito trouxe para junto da candidatura do seu escolhido figuras expressivas, como a do senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas, que no início da campanha garantia que Kleber Montezuma ganharia a eleição no primeiro turno ou sairia na frente com uma diferença de 10 mil votos. O progressista é tido e havido como peso político dos mais fortes nessa campanha, sendo inclusive candidatíssimo a governador na eleição de 2022. O investimento do senador na campanha do tucano é muito maior do que o do próprio PSDB, tendo em vista que Teresina é uma referência das mais importantes em qualquer eleição majoritária.

Agora, Firmino Filho e Kleber Montezuma partem para o ataque contra quem sempre desprezavam no início da campanha, achando que o Dr. Pessoa não teria fôlego e nem capital político e popular para enfrentar um grupo que comanda a cidade por quase quatro décadas. As forças políticas que estiveram separadas no primeiro turno com seus próprios candidatos, em sua maioria, estão agora com Dr. Pessoa, até mesmo aquelas que historicamente, numa reta final de campanhas anteriores, aliavam-se aos tucanos. Mas a onda popular por mudanças parece que bateu forte nas decisões partidárias neste segundo turno das eleições em Teresina.

Porque, ao que podemos constatar, não se trata de alinhamento à direita, ao centro ou à esquerda que está movendo as forças partidárias em Teresina. É a insatisfação popular com um modelo de gestão que cansou, que parece não ter mais nada de novidade a oferecer, que não consegue mais resolver nem os problemas mais básicos da população, como na questão da saúde e no transporte público. Teresina convive com problemas de infraestrutura de décadas, que nunca foram pelo menos amenizados. A população parece que se cansou de uma gestão que a todo fim de mandato, para começar outro, afirma ter R$ 1 bilhão para investimento, que a população, ao longo de trinta e quatro anos, não consegue vê.

Por não poder se comparar…

Falar em comparar gestões do governo do Estado com o da prefeitura é irrisório, porque os tucanos não podem comparar a si mesmos, uma vez que foram eles que sempre estiveram no poder municipal ao longo de 34 anos. O que o PT, que está no governo do Estado, está fazendo, é apoiar um candidato com quem possa dialogar e combinar obras importantes para a capital e para a população, já que a prefeitura tucana não abre espaço para o diálogo e até sabota obras do Executivo estadual na cidade, como podemos observar em relação à duplicação das BRs 316 e 343, que precisam de licenças ambientais e até de iluminação da prefeitura para poderem continuar avançando, mas os gestores municipais seguram, postergam, ignoram os pedidos. E isso é um absurdo.

Terminado o primeiro turno, o grupo do prefeito Firmino Filho procurou todos os partidos que lançaram seus candidatos na primeira etapa, mas não chegaram na segunda, para tentar agregar blocos partidários em torno de Kleber Montezuma. Somente o Cidadania, do ex-candidato Mário Rogério, aceitou essa aliança com o PSDB, mas era algo considerado até natural pelo alinhamento do partido com o Palácio da Cidade. Mas não conseguiram mais do que isso. Os tucanos agora contam com 10 partidos aliados no segundo turno. Temos aí um “blocão” ampliado.


Dr. Pessoa

O Dr. Pessoa, que antes contava apenas com três partidos – o MDB, o PSB e o PRTB -, abraça agora uma onda oposicionista, que escolheu o caminho da ética da campanha, pelo que apresentou no primeiro turno, com fortes críticas à gestão tucana. Então, não poderia ser diferente. O candidato do MDB chegou na frente no primeiro turno, com com 142.769 votos, 34,53% do total, enquanto o segundo colocado, Kleber Montezuma, contabilizou 110.395 votos, 26,70% dos votos. Isso significa um recado por mudanças.

Conforme levantamento feito por esse Portal Jogo do Poder, o candidato da oposição tem agora o PT, do governador Wellington Dias, da deputada federal Rejane Dias, do deputado federal Merlong Solano, dos vereadores Deolindo Moura e Dudu, do secretário de Administração do Piauí, Franzé Silva, do ativista Júnior do MP3, e praticamente todas as forças políticas do partido, que manifestaram em público apoio a Dr. Pessoa. Somente o ex-candidato a prefeito Fábio Novo ainda não se manifestou publicamente.


Gessy Fonseca

A força política mais cobiçada pelos tucanos era a da ex-candidata a prefeita Gessy Fonseca, do PSC, que teve um surpreendente desempenho eleitoral no primeiro turno, ficando na terceira colocação e assegurando mais de 50 mil votos. Porém, tanto a empresária como o partido que ela representou decidiram seguir Dr. Pessoa.


Deputado federal Fábio Abreu

Nessa mesma onda de apoios ao emedebista aparecem também o ex-candidato a prefeito, deputado federal Fábio Abreu, do PL, e o PTB de João Vicente Claudino, peso político dos mais importantes do estado.


Simone Pereira

Simone Pereira, ex-candidata a prefeita pelo PSC, também fechou com Dr. Pessoa, trazendo com ela o deputado federal Júlio César e o deputado estadual Georgiano Neto. Além disso, tanto o Solidariedade como o PCdoB, que estiveram com o PT no primeiro turno, protocolaram apoio a Dr. Pessoa.

Portanto, nem o prefeito Firmino Filho e nem o Kleber Montezuma podem chamar isso de “blocão”. Porque “blocão” mesmo foi formado no primeiro turno em torno do tucano. O que se vê agora são as oposições se unindo em torno de um projeto de mudanças, que vem reclamando a população. E ir contra a população é perder o horizonte da representatividade.

Redação

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