Geral Internacionais Política

Covid-19. China pune autoridades locais por má gestão de surto da variante Delta

O Governo chinês puniu pelo menos 47 funcionários locais por não terem conseguido controlar a disseminação da variante Delta do coronavírus. Devido à alegada má gestão do surto que já conta com mais de mil infeções no país, dezenas de governadores, responsáveis por entidades de saúde e outras autoridades de saúde foram castigados ou demitidos.

Já foi detetada em mais de 12 cidades chinesas a variante Delta, desde 20 de julho, tendo já ultrapassado os mil novos casos de Covid-19 no país. Mas, desde que surgiram os primeiros casos de transmissão local, as autoridades locais impuseram restrições apertadas de controlo da pandemia, como testagem massiva da população e controlo das fronteiras.

Contudo, segundo a CNN, dezenas de funcionários e profissionais de saúde das quatro províncias atingidas pela epidemia foram punidos pela “resposta lenta” e “gestão ineficaz” face aos novos surtos de Covid-19 na China. Entre as autoridades punidas inclui-se um vice-prefeito, uma equipa de gestão hospitalar e funcionários dos setores aeroportuário e do turismo.
Os funcionários que, segundo as autoridades chinesas, não aplicaram correta ou eficazmente as medidas apertadas de combate à pandemia vão, por isso, enfrentar ações disciplinares. Em todo o país, pelo menos 47 funcionários, desde chefes de governos locais, comissões de saúde, hospitais e aeroportos, foram punidos por negligência, de acordo com declarações oficiais e informações da imprensa estatal.

Em Nanjing, capital da província de Jiangsu, 15 profissionais foram responsabilizados por permitir que as infeções se propagassem no Aeroporto Internacional de Nanjing Lukou, de acordo com um comunicado da Comissão Central de Inspeção Disciplinar do Partido Comunista (CCDI). Acredita-se que tenha sido nesse aeroporto que o surto começou pela primeira vez, com nove funcionários infetados a 20 de julho, e identificados durante um teste de rotina à Covid-19. 

As autoridades acreditam ainda que a transmissão tenha ocorrido após um voo que chegou da Rússia a 10 de julho. Três funcionários do aeroporto, a trabalhar nesse dia, estão a ser investigados pelas autoridades disciplinares da província e dois deles foram já detidos. Outros, incluindo o vice-prefeito de Nanjing, foram punidos com uma suspensão  e “severas advertências”, de acordo com o comunicado.
A variante delta, altamente contagiosa, infetou os trabalhadores do aeroporto e, desde então, alastrou-se a diferentes províncias do país. O surto gerou novas restrições nas viagens internas, o confinamento de bairros e o isolamento de toda a cidade de Zhangjiajie, com uma população de 1,5 milhão de pessoas.
Em Zhangjiajie, um ponto turístico no sul da província de Henan, 18 entidades foram punidas também pela falta de resposta para lidar com o novo surto, de acordo com outro comunicado da CCDI. Zhangjiajie está em confinamento desde o mês passado, depois de ter decorrido um espetáculo cultural, com a presença de milhares de pessoas, e ter levantado preocupações quanto à possível propagação do vírus.

Já a cidade de Yangzhou, na província de Nanjing, tornou-se um dos centros de preocupação com mais casos de covid-19. Até esta terça-feira, foram reportadas 394 infeções sintomáticas, incluindo 26 “casos graves” e seis pacientes em estado crítico, nesta localidade. No domingo, a comissão disciplinar de Yangzhou advertiu seis autoridades e criticou outros dois por má manipulação de um centro de testagem, propiciando a disseminação do vírus entre as pessoas que iam ser testadas.

Abordagem “Covid zero” será suficiente?
Nas últimas três semanas, a China tem enfrentado o maior surto de Covid-19 desde que o vírus surgiu pela primeira vez na cidade de Wuhan, no centro da China, no final de 2019. Embora a maioria da vasta população chinesa seja vacinada, as autoridades não estão a arriscar confiar nas vacinas e, em vez disso, realizaram testes em massa e confinamentos locais para eliminar o vírus.
Gao Qiang, o ex-ministro da Saúde da China, enfatizou a importância de evitar infeções importadas e considera que o país é capaz de eliminar o vírus da mesma forma que o conteve rapidamente conteve em 2020.
Qiang acusou os Estados Unidos e o Reino Unido de “desconsiderar a saúde e a segurança das pessoas” e ser responsável pelo aparecimento de novos surtos ao reduuzir as restrições.

“Não só não podemos relaxar o controlo da epidemia, mas temos que fortalecer ainda mais os elos fracos, fechar lacunas e monitorizar a situação da epidemia, emitindo alertas atempadamente para erradicar o vírus “.

De acordo com o Global Times, os especialistas consideram a punição dos funcionários “incompetentes no trabalho de controlo da epidemia” uma ação apropriada, visto que o combate à pandemia não pode permitir lacunas, erros ou negligência por parte das autoridades responsáveis.

Por exemplo, Fu Guirong, secretária do grupo do Partido da Comissão de Saúde de Zhengzhou, foi destituída do cargo, assim como o chefe do Partido do Hospital do Sexto Povo de Zhengzhou, um hospital designado para o tratamento de chegadas internacionais com casos Covid.

“O surto é um alerta para todos nós – o vírus pode entrar em ação a qualquer momento quando negligenciamos o controlo. Devemos sempre apertar a corda da prevenção da epidemia”, disse Wang Peiyu, vice-diretor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Pequim.

Fonte: RTP

Related Posts