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Conselho Otan-Rússia se reúne para tratar de crise da Ucrânia

Os Estados Unidos e os membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) iniciaram, nesta quarta-feira (12), uma rodada de negociações com a Rússia, em Bruxelas, em busca de maneiras de neutralizar a crise na Ucrânia.

Congelada desde 2014, a cooperação entre Rússia e Otan foi rompida em outubro passado, quando a Aliança Atlântica expulsou oito diplomatas russos de suas instalações e, em resposta, Moscou decidiu fechar seu escritório de representação junto a esta instituição.

Diante da crise na Ucrânia, as partes concordaram em reativar este Conselho.

Nesta reunião, a Rússia é representada pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Alexander Grushko, que descreveu a reunião como a “hora da verdade” nas relações entre Rússia e Otan.

Na terça-feira (11), a vice-secretária de Estado dos Estados Unidos, Wendy Sherman, informou os aliados da Otan sobre suas conversas com o vice-chanceler russo, Serguei Riabkov, em Genebra, no dia anterior.

“Não há motivos para otimismo, mas os russos estão seriamente envolvidos na sequência diplomática”, disse à AFP o representante de um país europeu.

As conversas entre Sherman e Riabkov em Genebra foram inconclusivas. Por enquanto, russos e americanos permanecem firmes em suas respectivas posições.

A Rússia exige, por exemplo, uma garantia concreta de que a Ucrânia não ingressará na Otan. Os americanos não fizeram concessões, mas propuseram medidas para reduzir os riscos de conflito e iniciar o desarmamento convencional e nuclear, explicou a nova embaixadora dos EUA na Otan, Julianne Smith.

Nesse cenário, Washington teria assegurado a Moscou que não tem intenção de colocar armas ofensivas na Ucrânia, mas negou qualquer intenção de desmilitarização na Europa, de acordo com um diplomata europeu.

“É muito cedo para dizer se os russos são sérios no caminho diplomático, ou se estão prontos para negociar seriamente”, disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki.

“A relação da Otan com a Ucrânia é uma questão que diz respeito apenas à Ucrânia e aos 30 aliados da Otan, e não a outros países”, acrescentou.

Tranquilizar os europeus

Sherman tentou, na terça-feira, acalmar o ressentimento dos europeus por permanecerem à margem das negociações até agora e garantiu que nada em termos de segurança na Europa será decidido sem os europeus.

“Os Estados Unidos estão determinados a trabalhar em estreita colaboração com seus aliados e parceiros para incentivar a desescalada e responder à crise de segurança causada pela Rússia”, disse Sherman em um tuíte.

O Conselho Otan-Rússia corre o risco, porém, de ser uma repetição das discussões de Genebra, com cada lado mantendo suas posições.

“Nossas expectativas são bastante realistas, e esperamos que seja uma conversa séria e profunda”, declarou Grushko, acrescentando que a Rússia exigirá uma resposta abrangente da aliança às suas demandas.

Sherman destacou, por sua vez, que a Rússia não fez qualquer gesto de apaziguamento, nem ofereceu evidências de que não invadirá a Ucrânia. Tampouco deu explicações sobre por que enviou cerca de 100.000 soldados para a fronteira ucraniana.

Para um diplomata europeu de alto escalão, “devemos ser extremamente cautelosos. Não temos motivos para acreditar que um processo vai começar. Nem estamos negociando”.

“A Ucrânia tem demonstrado grande moderação, e os aliados [da Otan] devem evitar qualquer pretexto para encerrar a sequência diplomática”, completou.

Uma reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) está marcada para quinta-feira em Viena.

Ontem, a França anunciou que uma reunião do chamado Quarteto da Normandia (composto por França, Alemanha, Rússia e Ucrânia) está prevista para “final de janeiro”.

Em um artigo publicado no dia anterior, em seu blog, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, destacou que a Rússia está buscando “desconectar os Estados Unidos e a Europa” e considerou que este objetivo é “claramente inaceitável”.

Fonte: AFP

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