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Com polêmica inútil do passaporte vacinal, governo tentou sabotar economia

O governo federal deve exigir comprovante de vacinação para a entrada no Brasil, determinou Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, neste sábado (11). A decisão liminar, alinhada com que vêm fazendo países que se preocupam com a saúde de sua população, coloca a quarentena a viajantes que não se imunizaram, proposta defendida pela gestão Jair Bolsonaro, como exceção e o passaporte vacinal como regra.

Até que isso acontecesse, gastamos tempo, energia e fios de cabelo para enfrentar um negacionismo que rifa a saúde pública a fim de animar os seguidores do presidente. Baseado em premissas falsas (de que existem direitos absolutos), defende-se ferozmente que a liberdade de não se vacinar (e, portanto, contaminar outras pessoas) está acima do direito à vida e ao bem-estar da sociedade.

Cada vez que o Brasil interrompe os esforços para a reconstrução da economia a fim de enfrentar uma sabotagem capitaneada pelo presidente da República, dinheiro e empregos também são perdidos. Coisas que não estão sobrando.

Essa não vai ser a primeira polêmica do presidente voltada tanto a animar seus fiéis quanto para manter a sociedade distraída dos seus fracassos na pandemia. Como o fato de milhões irem dormir com fome, a renda média dos trabalhadores ter caído mais de 11% em um ano e a inflação seguir reduzindo a dignidade mês a mês, principalmente dos mais pobres.

As polêmicas vazias atrapalham a economia exatamente no momento em que o governo deveria contribuir com o processo de retomada. A exigência de certificado de vacinação ajuda o retorno às atividades ao reduzir o risco para empregados e clientes de frequentarem estabelecimentos comerciais, por exemplo.

Quando o governo luta contra ele, está, na verdade, atacando um instrumento importante para a geração de postos de trabalho.

No mês passado, a polêmica da vez era a portaria publicada pelo Ministério do Trabalho que impedia demissão ou não-contratação de trabalhadores que se negavam a tomar a vacina, colocando a segurança de outros em risco. A proposta, natimorta porque batia de frente com decisões anteriores do próprio STF, gerou festejos na base terraplanista do presidente.

No dia 12 de novembro, o mesmo ministro Barroso suspendeu a eficácia de trechos da portaria. Em sua decisão, disse que “a presença de empregados não vacinados no âmbito da empresa enseja ameaça para a saúde dos demais trabalhadores, risco de danos à segurança e à saúde do meio ambiente laboral e de comprometimento da saúde do público com o qual a empresa interage”.

Em cidades como Nova York, a exigência de apresentação do certificado de vacinação para entrar em bares, escolas, lojas, escritórios tornou-se rotina. Um hábito tão civilizado como cobrir a boca antes de tossir. O mesmo precisa ser adotado internamente no Brasil, onde há acesso gratuito aos imunizantes. Para tanto, claro, é necessário que o Ministério da Saúde retome o aplicativo ConecteSUS que foi supostamente atacado por hackers – situação que demonstra, no mínimo, a incompetência do governo em gerir nossos dados.

Caso o presidente não tivesse sabotado as medidas de isolamento social, nem combatido o uso de máscaras ou usado pesquisas manipuladas para convencer que remédios inúteis para a covid-19 protegiam a população, a pandemia teria sido mais curta e a economia voltado ao normal antes, com menos mortos e menos fome. Porque se a vida normal tivesse sido retomada no apogeu da pandemia, como queria Bolsonaro, não teríamos registrado mais de 4 mil mortos por dia em abril deste ano, mas o dobro disso.

Se o presidente não quer ser parte da solução para a economia que, pelo menos, evite continuar sendo parte do problema.

Jogo do Poder

Fonte: UOL/Sakamoto

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