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Com Pazuello e sem máscara, Bolsonaro causa aglomeração em ato no Rio

Sem máscara, o presidente Jair Bolsonaro participou hoje de um passeio com motociclistas no Rio. O ato percorreu da zona oeste até o Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, onde encontrou com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que também não vestia máscara.

Pazuello depôs por dois dias na CPI da Covid, no Senado, durante a semana, e disse apoiar o uso de máscaras. O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, o senador Omar Aziz (PSD-AM).

Ao subir no carro de som, Pazuello foi elogiado por Bolsonaro. “Esse é o gordo do bem. É o gordo paraquedista. O nosso ministro conduziu com muita responsabilidade”, disse.

Em seu discurso, Bolsonaro voltou a fazer ameaças em meio a gritos de “Eu Autorizo” de apoiadores. A frase se tornou uma constante em atos pró-Bolsonaro depois que o presidente falou em agir contra medidas de restrição determinadas por governadores e prefeitos para o controle da pandemia.

“Estamos prontos, se preciso for, para tomar todas as medidas necessárias para garantir a liberdade de vocês. Temos o sagrado direito de ir e vir. Temos o direito de trabalhar, temos o direito. De professar a nossa fé, de ir às igrejas e nos encontrar com Deus”, disse.

Apesar de dizer que não se tratava de uma ameaça, ele disse que a manifestação a seu favor o autoriza a agir. “Não é ameaça, jamais ameaçarei qualquer poder. Mas acima de nós de qualquer poder há o primeiríssimo poder, que é o o do povo brasileiro”, disse, antes de fazer um aceno aos gritos de “Eu Autorizo”. “Isso nos traz autoridade para agir em nome de vocês”, disse.

Passeio de moto

Bolsonaro chegou ao Parque Olímpico, no zona oeste do Rio de Janeiro, de helicóptero por volta das 9h30. Sem máscara, ele estava acompanhado de uma comitiva e provocou uma grande aglomeração com apoiadores que aguardavam no local.

Na sequência, Bolsonaro percorreu com apoiadores de motocicleta aproximadamente 40 quilômetros até o Monumento dos Pracinhas, no Flamengo, zona sul da capital, onde ocorreu a dispersão. O passeio durou cerca de uma hora e meia.

A passagem de Bolsonaro pelo Rio de Janeiro está sendo marcada por aglomerações. Depois de descer do helicóptero, Jair Bolsonaro cumprimentou apoiadores. Assim como o próprio presidente, a maioria dos seus seguidores estava sem máscara.

O evento acontece em momento que o próprio governo recebe alertas para uma nova onda de casos de covid-19, que especialistas avaliam como ainda pior, e a média móvel de mortes pela doença parou de cair.

 

 

Na sequência, o presidente posou para fotos e pro volta das 10h colocou o capacete e deu a arrancada para o passeio. No meio do percurso, Bolsonaro parou e subiu na moto em que era conduzido, como se posasse para fotos. Havia concentração de apoiadores principalmente no começo do percurso, na região do Parque Olímpico, e na dispersão na região do Aterro do Flamengo.

Apoiadores do presidente acompanharam a passagem do trajeto, concentrando-se principalmente na orla da zona Sul. Alguns usavam camisa verde e amarela e bandeira do Brasil.

O último decreto estadual com medidas de prevenção da covid-19 determina que o uso de máscara é obrigatório em todos os locais públicos do Rio. “Fica considerado obrigatório, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, enquanto vigorar a situação de emergência em saúde em virtude da pandemia da covid-19, o uso de máscara de proteção respiratória, seja ela descartável ou reutilizável, de forma adequada, em qualquer ambiente público, assim como em estabelecimentos privados com funcionamento autorizado de acesso coletivo”.

Essa não é a primeira manifestação que Bolsonaro participa de evento com motociclistas. No começo do mês, ele circulou com cerca de 3.000 veículos pelas ruas de Brasília, também em um ato em apoio ao seu governo.

Centenas de motociclistas, ciclistas e pedestres se aglomeravam em frente ao Parque Aquático Maria Lenk, na zona oeste do Rio. Eles devem sair em um passeio de moto pelas ruas do Rio na manhã de hoje.

A participação de Bolsonaro mobiliza um efetivo de mais de 1.000 policiais militares de mais de 20 unidades diferentes. O evento em apoio ao presidente, pelas ruas das zonas oeste e sul da cidade, ocorre no momento em que o governo é pressionado pelas revelações da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19, no Senado, e em que o o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresce nas pesquisas de intenção de voto na eleição de 2022. Um dos organizadores da manifestação é Waldir Ferraz, amigo de longa data e ex-assessor de Bolsonaro.

Apesar de o evento ser oficialmente organizado por apoiadores de Bolsonaro, toda a segurança no Aterro do Flamengo é feita por homens do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República). Os agentes estão munidos de detectores de metais e criaram um cercadinho para a imprensa, nos mesmos moldes do montado diariamente no Palácio do Alvorada.

Críticas da oposição

Enquanto o passeio de moto percorria as ruas do Rio de Janeiro, oposicionistas à gestão federal declararam que a cena é “debochada e perversa”.

A líder nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) relembrou que o país está diante de um alerta de terceira onda do coronavírus e sem insumos suficientes e com a capacidade de leitos reduzida, enquanto Bolsonaro “marca uma nova aglomeração”.

“É debochado e perverso, só está onde está porque tem a cumplicidade de aliados irrigados por emendas e que nos negam o impeachment”, disse Gleisi.

A mesma linha crítica foi adotada pelo senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da CPI da Covid. O parlamentar acredita que o evento representa a “crueldade” de Bolsonaro diante de uma nação com “14,5 milhões de miseráveis”.

(Com Uol)

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