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Briga de PP e PL por Bolsonaro gera atrito e pode deixar sequelas

A disputa entre o PP (Partido Progressista) e PL (Partido Liberal) pela filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) esquentou na última semana e já gera rusgas entre os dois grandes partidos do chamado centrão. “Talvez não gere rompimento, mas ficarão sequelas pelo caminho”, disse à coluna um interlocutor que participa das negociações que visam as eleições de 2022.

No entorno bolsonarista, a avaliação é de que o PP leva vantagem e deve ganhar a disputa depois que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro Ciro Nogueira (PP-PI) fizeram intensa pressão sobre Bolsonaro na última semana. No entanto, se o PL perder a disputa, crescem os rumores de que a bancada do partido pode ser liberada do apoio político ao presidente.

O PP passou a fazer forte marcação sob Bolsonaro depois que soube do andamento das conversas dele com a cúpula do PL até o fim de semana passado.

No domingo, interlocutores de Bolsonaro avisaram ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que o presidente da República havia sinalizado que diria sim ao partido e mandou avisar que “só faltava ajustar detalhes”.

Mas tudo mudou na manhã de segunda-feira (25). Ao tomar conhecimento do movimento, o ministro Ciro Nogueira esteve com Bolsonaro logo cedo e iniciou a pressão para reverter o cenário.

Horas mais tarde, Costa Neto gravou um vídeo convidando Bolsonaro para o partido. “Estamos reiterando o convite de filiação partidária dirigido ao presidente Jair Bolsonaro, seus filhos e fiéis seguidores da causa brasileira sob sua liderança”, afirmou Costa Neto, no vídeo.

O movimento de Costa Neto foi lido por interlocutores de Bolsonaro como uma tentativa do PL de rebater o ataque do PP. A coluna apurou que havia expectativa por uma reunião entre o grupo de Bolsonaro e Costa Neto nos próximos dias, o que acabou descartado após a pressão do PP na segunda-feira.

Uma nova reunião na noite de segunda-feira, Bolsonaro se reuniu novamente com Nogueira, Lira e o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Mais pressão.

Em seguida, na noite de segunda, o filho mais velho do presidente ainda escreveu um tuíte para agradecer o convite de Costa Neto, mas disse que “aguardava” a decisão do pai, o presidente Jair Bolsonaro, e que o futuro partidário “também pode passar pelo PP”. A mensagem foi lida no PL como um balde de água fria e um sinal de que o PP realmente está mais próximo de vencer a disputa.

Em entrevista ao Pânico, na quarta-feira (27), Bolsonaro reforçou o nome do PP: “Eu tenho que ter um partido de qualquer maneira. Eu não sei se vou disputar eleição ou não. Está cedo ainda. Hoje em dia está mais para PP ou PL. Me dou muito bem com os 2 partidos. Fiquei no PP uns 20 anos. A decisão passa por aí. Agora, converso com as lideranças desses partidos”, disse.

No entanto, integrantes do centrão dos dois partidos sabem que, apesar do avanço das negociações, o presidente é imprevisível e não descartam que ele opte por um partido menor para repetir a estratégia de 2018 que foi feita a partir do PSL. Um dos principais pedidos que ele tem feito aos partidos é para escolher os candidatos ao Senado nos estados.

Quem também gostaria de estar na disputa e não anda feliz com Bolsonaro é o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). Ele escreveu uma carta e criticou o presidente por suas negociações com PP e PL. “Bolsonaro precisava peitar. Se os filhos atrapalham, remova-os. Valdemar Costa Neto e Ciro Nogueira puxam para trás qualquer mudança de práticas, para uma nova vereda de austeridade e honra. Ruptura com a corrupção tem um peso, leva gente que nós gostamos. Mas é o que o povo espera.”, escreveu Jefferson, que está preso após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Na carta, ele fala para que aliados convidem o vice-presidente Hamilton Mourão para o partido e fala que o PTB deve ter candidatura própria em 2022. O teor da carta foi publicado pelo jornal O Globo e confirmado pelo UOL.

Aliados de Bolsonaro avaliam que a demora e as negociações devem gerar dissidências e consequências para a disputa eleitoral em 2022. “Mais uma vez ele é o responsável pelo próprio insucesso”, afirmou um integrante do centrão.

Jogo do Poder

Fonte: UOL/JDP

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