Aviação quer demolir barreiras para acesso de mulheres no setor
A capital da Espanha, Madri, acolhe até esta sexta-feira um evento global sobre a força de trabalho da aviação que pretende derrubar as barreiras para o aumento de mulheres no setor.
A reunião iniciou com o painel de alto nível “Reforçando o compromisso com a mudança”. Uma das participantes foi a representante da Federação Internacional de Associações de Pilotos de Linhas Aéreas, Ifalpa. Priya Doobaryee é a primeira mulher-piloto no cargo de observadora permanente da Organização Internacional de Aviação Civil, Icao.
Observadora permanente
Doobaryee destacou que, neste momento, é analisada a falta de equilíbrio entre gêneros e não tinha sido observada a dimensão do problema óbvio.
Ela falou da grande carência de mão-de-obra em áreas da aviação, a ser refletida já a partir do próximo ano, em postos como indústria, engenharia, pilotagem ou controle de tráfego. Ao ser acompanhada a questão sobre a presença de mais homens no setor, a profissional mencionou que fez um estudo sobre o comportamento de resistência quando obteve a licença de aviação.
Em entrevistas realizadas a mulheres e outros pilotos ou controladores de tráfego, a amostra analisou níveis de resiliência e a conclusão foi de que as mulheres tinham níveis mais altos de resiliência do que os homens. O levantamento considera a hipótese de uma amostragem pequena, mas possivelmente as mulheres sejam mais resilientes.
A profissional de aviação observa que a atuação no setor está a mudar, por isso destaca que no rumo para uma nova fase de automação é preciso manter a área atrativa.
Posições de liderança
Para Priya Doobaryee, não se pode achar que os humanos serão substituídos pela inteligência artificial de uma forma sustentável. Por isso defende que todos sejam envolvidos no processo de transformação e sejam mantidos os empregos na aviação.
Ela coloca como hipótese de uma mudança de papéis, onde mais profissionais exerçam seus papéis em interface ou posições de liderança. Segundo a pilota, os serviços de engenharia ainda têm grandes dificuldades para integrar mulheres.
Compromisso
A meta da Icao é impulsionar a igualdade de gênero na aviação global, incluindo nos níveis de liderança e na tomada de decisão, além de renovar o compromisso com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 e com os fins da agência.
Durante o encontro, em Madri os temas sobre equilibrar o gênero na aviação focalizarão os avanços, os efeitos da pandemia, os desafios e as oportunidades. O debate incluirá as políticas, a análise de práticas, lições aprendidas, programas e iniciativas para atrair, reter e capacitar mulheres na aviação em todos os níveis.
Para a Icao, há ainda muito trabalho a ser feito para fechar a lacuna de gênero na área técnica e altamente especializada da aviação.
Força de trabalho na maioria dos campos da aviação
O relatório de 2022 da Comissão Consultiva da Mulheres na aviação indica que, somente nos Estados Unidos, as mulheres representavam menos de 20% da força de trabalho na maioria das ocupações da aviação.
Entre as nove carreiras da área, apenas a de comissária de bordo teve mais profissionais mulheres. Em cada uma das restantes, incluindo gerentes de aeroportos, a porcentagem ficou abaixo de 20%. Cerca de 5% dos pilotos de avião são de sexo feminino.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo destaca que 6% dos chefes executivos de companhias aéreas são mulheres. Antes da pandemia, o setor dobrava o número de passageiros e voos a cada 15 anos.
A expectativa é que mulheres impulsionem o desenvolvimento social e econômico em todo o mundo, com a rápida capacidade de conexão de pessoas e negócios, aliada à disponibilidade de centenas de milhares de empregos e bilhões de dólares.
Fonte: ONU News