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Após plebiscito, Chile terá como desafio criar Constituição pós-Pinochet

Nas ruas, milhares de chilenos se abraçaram e celebraram quando uma projeção expôs a palavra “renascer” em um dos prédios de Santiago na noite de domingo (25). Com quase 80% dos votos no plebiscito, a vitória garante ao Chile uma nova Constituição.

Agora, o país espera deixar as marcas da ditadura para trás, já que a atual Carta Magna chilena foi elaborada durante o regime militar do general Augusto Pinochet, entre 1973 e 1990.

A mudança era uma das principais reivindicações dos protestos realizados em todo o país em novembro de 2019. Com milhões nas ruas, mais de 30 pessoas morreram nas manifestações, em confrontos com a polícia.

Para a maior parte da população, a atual Constituição aprofunda a desigualdade do Chile, já que atribui o controle da saúde, habitação, educação e aposentadoria ao setor privado.

Cerca de 7,5 milhões de chilenos foram às urnas. Este é o maior comparecimento desde a eleição de 1989, que pôs fim ao regime militar, disseram autoridades à BBC.

Além dos 78% que apoiam a nova constituição, 79% concordam que o corpo que editará o novo texto deve ser 100% eleito pelo povo. Assim, os eleitores devem votar no dia 11 de abril de 2021 para escolher os 155 membros da comissão.

O prazo para entregar o documento final é de nove meses, podendo ser prorrogado por mais três. A nova Constituição será apresentada ao povo chileno e aprovada por meio de referendo, em 2022.

Constituição divisionista

Em Santiago, o presidente de centro-direita Sebastián Piñera afirmou que a Carta atual é “divisionista”. O político pediu que todos trabalhem juntos para que o novo texto “garanta unidade, estabilidade e futuro”.

Ainda que o Chile tenha a maior renda per capita da América Latina, o país continua a ser um dos mais desiguais do mundo. Para muitos chilenos, garantir uma redistribuição mais equânime da riqueza deve ser prioridade.

Entre os pontos excluídos na atual Constituição está o reconhecimento da população indígena Mapuche, os poderes de negociação coletiva e direitos garantidos à terra e água.

Líder da campanha pela não-atualização do texto, o senador Juan Antonio Coloma afirmou que “aceita a derrota”. “O plebiscito claramente tomou um rumo diferente do que esperávamos”, disse à Reuters.

Nas redes sociais, internautas de toda a América Latina celebraram a aprovação. “Viva o Chile!”, disseram os brasileiros no Twitter, ao mesmo tempo em que a hashtag #RIPChile perdia o alcance nos Trending Topics. (Referência)

Redação

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